A Oração Ainda Ecoa

Na data de 25 de março de 2010, nós, alunos da TURMA 182-21, deliberamos expressar nosso descontentamento acerca do tratamento dispensado aos históricos livros, patrimônio da humanidade. Nas palavras da Exma. Sra. Procuradora da República, Ana Cristina Bandeira Lins: “A relevância nacional e internacional do acervo da Biblioteca da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo” [1].

Cabe-nos esclarecer os fatos puros, não eivados por qualquer matiz ideológico. Imagens atestam as inadequadas condições nas quais se encontram nosso acervo cultural. Livros foram dobrados, amassados e perecem no prédio anexo à Faculdade. Res perit domino, conforme aprendemos em Direito Romano. Urge mostrar a desnecessidade de relatar a quem pertencem tais inestimáveis obras.

Repudiamos a repressão dirigida ao professor Hélcio Madeira por parte de quem já demonstra o respaldo do vitupério mal se alçando a alta cúpula desta Faculdade. As mãos do pedantismo esbofetearam toda a TURMA 182-21. Oferecemos a outra face.

Este é o breve relato. Decidimos agir.

Legitimado pelo corpo estudantil da TURMA 182-21, o professor Hélcio Madeira bradou pelas memoráveis Arcadas a defesa de nosso patrimônio contra o atroz delito perpetrado sobre “as fráguas de nossa consciência”.

Heranças de nossos ilustres antepassados, construímos a notoriedade do saber jurídico. Todavia, expressamos o ardor da valentia quão verdadeiras “Águias de Haia”, sempre atentos quando a miséria nos ameaça naufragar. Herdeiros somos da aprendizagem científica, mas hodiernamente encampamos o NOSSO LEGADO: o coração do honrado espírito franciscano. 

Às ameaças lançadas ao nosso mestre, quantas colocarem tantas arrancaremos, pois queremos pedras edificadoras em Nossa Velha Academia.

Eis aí a suprema congregação: não a da discussão bizantina, e sim a da materialização dos mais rijos e nobres preceitos consubstanciados em nosso ser.

Alunos da TURMA 182-21

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[1] O Ministério Público Federal efetuou vistoria no anexo destinado às bibliotecas da Faculdade, em 24/03/2010, constatando condições inadequadas de acondicionamento dos livros, entre outras irregularidades. Emitiu recomendação a fim de que fossem tomadas providências, tais como “o desempilhamento e abertura de todas as caixas atualmente empilhadas no novo prédio”. Vejam o texto completo no site da Procuradoria da República em São Paulo: http://www.prsp.mpf.gov.br/ sala-de-imprensa/pdfs-das-noticias/Recomendacao_USP_Biblioteca.pdf/view.