terça-feira, 29 de junho de 2010

Vedação de acesso a público sobre acervo de Göethe e descaso com a integridade de livros


O editorial "Na escuridão", da Folha de S. Paulo, de 28/06/10, informa que no Ministério da Justiça, "numa sala vedada ao público, sem proteção contra incêndio, mofam aproximadamente 6 mil volumes [de obras de Göethe], no que segundo especialistas constituiria a maior biblioteca da América Latina dedicada ao poeta e dramaturgo alemão".

O problema não é só este: "Também em Brasília, agora no Arquivo Nacional, um conjunto ainda mais importante de documentos sofre com o mesmo descaso. Informações sobre as ações da ditadura militar correm o risco de desaparecer. Infiltrações e fios elétricos expostos ameaçam um terço do total dos documentos oficiais referentes ao período".


Projetos de modernização possuem por conseqüência lógica e óbvia ululante o progresso.

"Vim, vi e venci" - exalta Júlio César por construir a glória e a sua noção de modernização em Roma.

Dentre as modernizantes ações do eminente romano, estavam, contudo, as de destruir obras da biblioteca de Alexandria.

Franciscanos devem proteger o acervo, o qual é mais antigo que a própria Facvldade. Infelizmente, no pensamento franciscano, restou como cicatriz incurável o fato ocorrido em janeiro de 2010 com a transferência rocambolesca dos livros, acontecimento comparável a outro célebre momento de César: Tu quoque, Brute, filii mi?   


 

domingo, 27 de junho de 2010

Acervo da ditadura mofa sob goteiras em Brasília


FILIPE COUTINHO

LUCAS FERRAZ
DE BRASÍLIA



Enquanto o governo federal compra briga com os militares para desvendar informações sobre a ditadura (1964-85), o Arquivo Nacional, em Brasília, guarda documentos sob goteiras e dentro de sacos plásticos, com risco iminente de incêndio.

São quase 35 milhões de folhas, armazenadas em condições precárias, que narram a censura, a perseguição a militantes de esquerda e a ação das Forças Armadas em um dos momentos mais obscuros da história do país.

Toda essa papelada ainda aguarda triagem dos arquivistas para a definitiva incorporação ao acervo.

Os arquivos estão desde 1999 no prédio da Imprensa Nacional, que até hoje não foi adaptado para armazenar documentos históricos: não há saídas de emergência, o teto tem infiltrações e há fios expostos nos corredores. Alan Marques/Folhapress

Alguns arquivos recebem lonas de plástico para se proteger dos vazamentos do teto e das chuvas


O Arquivo Nacional em Brasília, uma espécie de filial do Rio de Janeiro, que concentra a maior parte do material, trabalha no limite de sua capacidade. Segundo a própria direção, "não há espaço para mais nada".

Os documentos guardados sob lonas e expostos a goteiras e infiltrações representam um terço do acervo do órgão na capital do país. Se fosse empilhada, a papelada chegaria a 5 km --o equivalente a um prédio de 1.500 andares.

No total, o arquivo de Brasília guarda 15 km de material, ou 105 milhões de páginas -no Rio, são mais de 420 milhões.

Com o tempo, muitos documentos mofam e são tomados por pragas, e aí necessitam de uma higienização antes de voltar às estantes. Boa parte desse material em quarentena está armazenado em sacos de lixo.

A Folha teve acesso a todas as dependências do Arquivo Nacional e flagrou mapas que ainda seriam analisados jogados num canto do galpão e dezenas de caixas com documentos com sinais de que foram molhadas.

No mesmo local em que estão as 35 milhões de folhas históricas há banheiros e uma copa para os funcionários, situação que é considerada irregular pela própria coordenação da instituição, já que a proximidade com banheiros e cozinha pode causar infiltrações.

Riscos
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O prédio do Arquivo Nacional foi doado em definitivo ao órgão em 2008 --pertencia antes à Imprensa Nacional. Mesmo com a estrutura carente, a instituição contou nos dois últimos anos com orçamento disponível de R$ 117 milhões.

A principal preocupação do Arquivo, no entanto, não é com o armazenamento dos documentos da ditadura. Cercado por janelas com grade e com fios expostos pelos corredores, o risco de incêndio no local é iminente.

A Folha teve acesso a laudo do Corpo de Bombeiros que obriga o órgão a fazer uma série de adaptações para evitar incêndios, sob pena de interdição do prédio.

O Corpo de Bombeiros deu 30 dias para que fossem criados sistemas de iluminação, alarme, sinalização, chuveiro automático e extintores. Segundo os bombeiros, o prédio nem sequer tem saída de emergência para a segurança dos 55 funcionários.

"[O Arquivo Nacional deve] instalar saídas de emergências e adequar a edificação para garantir o abandono seguro de toda a população", diz trecho do laudo.

O prazo dado pelos Bombeiros se encerra nesta semana, mas o Arquivo Nacional já trabalha para conseguir mais tempo.


Fonte: Folha de S. Paulo


COMENTÁRIO: realmente, o reitor possui razão quanto ao que disse em seu texto na mesma Folha (Tendências e debates - 10/06/10 - "Mecenato e universidade"): O modo, emocional e rocambolesco, como foi conduzida a experiência relativa ao projeto de modernização da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco certamente não contribuiu para a referida conscientização.


Rocambolesco para as nossas bibliotecas foi pouco!


quinta-feira, 17 de junho de 2010

ABERTURA DAS BIBLIOTECAS DEPARTAMENTAIS DO DIN, DCO, DTB E DCV - Comunicado da Diretoria



Comunicamos que a partir de 16/06/2010 terá início o funcionamento das Bibliotecas Departamentais DIN, DCO, DTB e DCV, no espaço físico da antiga BCI, no térreo do prédio histórico, no horário das 8:15 às 21:45 horas, de 2ª a 6ª.


Num primeiro momento, somente o público USP terá acesso (discentes de graduação e pós-graduação, funcionários e docentes).

O usuário deverá se identificar ao entrar e poderá retirar até 5 livros para consulta na sala da Biblioteca Central e fotocópia. O pedido deverá ser devidamente anotado na papeleta de solicitação de material, mediante apresentação de um documento original com foto: Cartão USP, RG, OAB ou Carteira de Motorista.

O usuário deverá devolver o material até as 21:00 horas do mesmo dia.

Além da possibilidade de consulta, poderão ser liberados 2 livros para empréstimo de fim de semana para os estudantes de pós-graduação e graduandos do 5º ano.

O empréstimo de fim de semana poderá ser feito a partir da 12:00 horas de sexta-feira ou véspera de feriados prolongados, devendo ser devolvido até 12:00 horas da segunda-feira.

Com relação às Bibliotecas Departamentais do DEF, DES, DFD, DPC e DPM, informamos que estão sendo adotadas providências para a mais rápida liberação do acesso ao Edifício da Rua Senador Feijó.


ANTONIO MAGALHÃES GOMES FILHO
Diretor da Faculdade de Direito


ANDRÉIA WOJCICKI
Diretora do Serviço de Biblioteca e Documentação



Mensagem enviada às 17h19min do dia 16/06/10

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Prédio Anexo IV será temporariamente fechado


Na tarde dessa quarta-feira, dia 9 de junho, o Centro Acadêmico “XI de Agosto” foi comunicado pela Diretoria da Faculdade de Direito que o prédio Anexo IV será temporariamente fechado. A Subprefeitura da Sé, através do Ofício nº 0800/SP-SÉ/GAB/2010 – de 02 de junho de 2010, solicitou o fechamento temporário do prédio enquanto não são apresentados laudos de segurança referentes à:



estrutura do prédio, se é possível sustentar o peso gerado pelo acervo e pela circulação de pessoas;
avaliação dos Bombeiros;
avaliação da parte elétrica.



Desta forma, a partir de hoje o edifício da rua Senador Feijó, nº 205, permanecerá fechado até a conclusão de serviços e apresentação de atestados solicitados pela Subprefeitura. Infelizmente, os alunos ficarão sem acesso à biblioteca Circulante até que esse problema seja resolvido pela Diretoria. Os prazos para devolução dos livros emprestados ficam prorrogados. É importante ressaltar que o Centro Acadêmico “XI de Agosto” vem solicitando junto com a Representação Discente, Movimento Pró-Acervo e Comissão de Bibliotecas a apresentação dos laudos desde Março. O XI enviou um ofício para a Diretoria da Faculdade solicitando a apresentação do ofício enviado pela Subprefeitura da Sé.

Fonte: Informe Eletrônico do Centro Acadêmico XI de Agosto, Edição Extraordinária - 108ª Diretoria



Reproduzimos abaixo o Comunicado enviado pelo Diretor da Faculdade, Professor Antonio Magalhães Gomes Filho. 


Em atendimento a (sic) determinação da Subprefeitura da Sé - Ofício nº 0800/SP-SÉ/GAB/2010 – de 02 de junho de 2010, recebido nesta data, informo aos usuários da Biblioteca Circulante que a partir de hoje o edifício da rua Senador Feijó, nº 205, permanecerá fechado até a conclusão de serviços e apresentação de atestados solicitados pela Subprefeitura.

Em consequência, ficam prorrogados os prazos para devolução dos livros empretados, podendo os interessados, que assim desejarem, devolver na Sala de Referência, no segundo andar do edifício principal.

São Paulo, 9 de junho de 2010

ANTONIO MAGALHÃES GOMES FILHO

DIRETOR







quinta-feira, 3 de junho de 2010

CQC mostra a condição do acervo da Faculdade de Direito da USP


Programa da Band vai à Faculdade de Direito da USP e mostra grande parte do problema  do maior acervo jurídico da América Latina.



CQC: http://www.youtube.com/watch?v=OjnQncu_l50 


Compare agora, caro leitor, com a reportagem do Jornal Nacional.


Jornal Nacional: http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2010/05/polemica-paralisa-doacoes-de-ex-alunos-para-faculdade.html


Será que 1000 alunos paralisaram em 12 de maio de 2010 por motivo outro que não o dano irrecuperável ao acervo?

Por acaso, a Faculdade de DIREITO da USP pára sempre?

Ela invade prédios e destrói equipamentos para chamar atenção?

Ela impede o direito de ir e vir de quem deseja entrar na Cidade Universitária?

Ela entra em greve ou obriga quem não deseja entrar?

Para todas essas perguntas, a resposta é um estridente NÃO. Desde as Diretas-Já, a São Francisco não interrompia seu período de aulas. 


A SÃO FRANCISCO É UMA INSTITUIÇÃO SÉRIA. NÃO INTERROMPE SUAS ATIVIDADES PARA FAZER GREVE DE COPA DO MUNDO. ELA SE PREOCUPA COM O SABER.


O delicado assunto das salas divide opiniões, mas os grupos que defendem seus pontos de vista são legítimos na coerência de suas propostas. O Grupo Pró-Acervo prefere, no entanto, atuar sobre os livros, o agregador de opiniões, segundo Informe Eletrônico do Centro Acadêmico XI de Agosto (da pertinência de se levar adiante o tema das bibliotecas, 877 alunos votaram pelo sim e 4 pelo não; para se levar adiante o tema dos nomes das salas, por seu turno, houve,579, sim, e com 302, não).

Talvez interesse a outrem o brocardo "Divide et impera". A nós, perseverar com "trabalho, sangue, suor e lágrimas".

Usemos, para quem duvida da seriedade do que ocorre na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, com a devida vênia (sem usurpação), palavras ditas no ato de 12 de maio, naquela quarta-feira de heróis: "Temos orgulho de pertencer à maior universidade da América Latina. Mas do mesmo modo que a Faculdade de Direito respeita a Universidade de São Paulo, a Universidade de São Paulo DEVE respeitar a Faculdade de Direito".

De 1000 alunos no ato, uns diminuem para algumas centenas. 300 não venceram, mas foram uma muralha quase intransponível a Xerxes.