sábado, 15 de maio de 2010

Acervo do Instituto Butantan

Como não nos manifestarmos diante de tamanha perda?

Segundo a reportagem de HERTON ESCOBAR, de O Estado de São Paulo, suspeita-se que um curto-circuito tenha causado danos irreparáveis à Ciência, com o incêndio no Instituto Butantan.

Talvez o colega leitor se recorde da foto, com a qual denunciamos o grave risco a que estava exposto nosso Acervo:



Foi uma enorme perda para a sociedade, funcionários e pesquisadores do instituto mantido pelo Governo do Estado de São Paulo. Lamentamos profundamente, pois também fazia parte de nosso patrimônio cultural e científico.

Diante de tantas evidências, como é possível que ainda existam aqueles que se consideram acima das leis, das normas e dos azares, acreditando que nossa mobilização tenha qualquer outro objetivo que não o de preservação e segurança do Acervo das Arcadas?

Abaixo, texto da reportagem, disponível em:
http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,incendio-destroi-mais-de-500-mil-amostras-do-instituto-butantan,552220,0.htm

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Incêndio destrói mais de 500 mil amostras do Instituto Butantan
Além da maior coleção de ofídios do mundo nos trópicos, aranhas e escorpiões também foram perdidos

15 de maio de 2010 | 11h 30
Herton Escobar, de O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - Um incêndio ocorrido na manhã deste sábado, 15, no laboratório de répteis do Instituto Butantan, na zona oeste de São Paulo, destruiu milhares de espécimes de cobras e de aracnídeos, incluindo exemplares ainda não descritos pelos cientistas. Nenhum dos animais estava vivo.

Toda a coleção de cobras do Butantã - um total de aproximadamente 85 mil exemplares, a maior coleção do mundo de animais da região tropical - foi perdida no incêndio. Centenas de espécimes desses répteis que haviam sido coletadas pelos biólogos ainda não haviam sido descritas. Entre os aracnídeos - em especial aranhas e escorpiões -, a perda foi de cerca de 450 mil espécimes, das quais milhares ainda não tinham sido descritas pelos cientistas do instituto.

A princípio pensou-se que, junto com os animais preservados no laboratório, haviam sido destruídos os livros de tombo, que continham os registros de coleta dos espécimes, de suas características e suas condições, mas depois confirmou-se que eles foram salvos. O incêndio começou entre 7 e 8 horas da manhã e foi controlado por volta das 10 horas por dez viaturas e 50 homens do Corpo de Bombeiros, quando foi iniciada a operação de rescaldo. Não houve feridos.

Uma perícia será feita no local e a previsão é de que o resultado seja divulgado em 30 dias. Mas suspeita-se que o incêndio tenha sido causado por um curto-circuito. Durante a noite, a chave-geral do prédio havia sido desligada para serviços de manutenção na rede elétrica. O fogo começou quando a energia foi religada, de manhã.



Patrimônio insubstituível

O diretor do Instituto Butantan, Otávio Azevedo Mercadante, afirmou ao Estado que "o estrago foi muito grande". "O prejuízo material, você recupera. O científico, não." Para o herpetólogo - especialista em répteis e anfíbios - Miguel Rodrigues, da Universidade de São Paulo (USP), o incêndio foi um desastre de proporções incalculáveis. "Perdemos um patrimônio insubstituível da história biológica do País", resume.


História

O Instituto Butantan surgiu em 1898, estimulado por um surto epidêmico de peste bubônica no porto de Santos, e sua criação foi oficializada em 1901. Treze anos mais tarde, foi inaugurado o Prédio Central do Instituto. É um centro produtor de vacinas e importante pesquisador biomédico, dependente do governo de São Paulo.

O laboratório trabalha em vários projetos sobre o uso de venenos répteis, que estavam sendo usados no combate de doenças como Leishmaniose e o mal de Chargas. Recentemente, o Butantan também tem sido o órgão publico responsável pela produção de vacina da gripe H1N1, a partir de amostras fornecidas pelo laboratório francês Sanofi Pasteur.

(Com EFE)