sábado, 15 de maio de 2010

Estadão .Edu: Professor Casella explica afastamento e dá sua versão dos fatos

    
O repórter Carlos Lordelo, do Estadão.Edu, assina uma matéria em que o Vice-Diretor, professor Paulo Borba Casella, explica seu afastamento temporário do cargo e dá sua versão dos acontecimentos. 

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Vice-diretor do Direito da USP diz que não vai renunciar
Paulo Casella se defende: 'Os alunos estão sendo manipulados porque não sabem direito o que aconteceu'

15 de maio de 2010 | 15h 34
Carlos Lordelo - Estadao.Edu

SÃO PAULO - O vice-diretor da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), Paulo Borba Casella, afirmou ao Estado que não vai renunciar e que seu afastamento do cargo é para ajudar a apuração dos fatos. Alvo de sindicância, Casella pediu para se ausentar da direção por um período de 30 dias, enquanto uma comissão vai investigar se ele tentou revogar ordem de transferência dos livros da biblioteca do edifício anexo, na Rua Senador Feijó, para o prédio histórico, no Largo São Francisco. A decisão contraria decisão judicial e ordem do diretor da unidade, Antonio Magalhães Gomes.

"Querem transformar isso como se eu tivesse tentado tomar o poder. Os alunos estão sendo manipulados porque não sabem direito o que aconteceu", afirma. "Apenas me afastei do cargo, mas vou continuar dando aulas. Sai justamente para que a apuração seja feita e para que não digam que estou querendo usar minha posição para impedir a investigação", afirmou Casella.

Segundo ele, não é primeira vez na história da faculdade que ocorrem desentendimentos na direção. "Não tem mais clima para trabalhar (com Magalhães), mas fui eleito para o mandato de quatro anos e não cogito a hipótese de pedir renúncia, como querem estudantes", afirma Casella.

O vice-diretor classifica o ocorrido como "pequeno incidente" e afirma que os alunos estão usando os acontecimentos para paralisar as aulas. "Acho importante meu afastamento não servir de pretexto para o que alguns colegas chamam, com ironia, de 'férias de maio'", diz. Segundo ele, todo mês de maio os alunos têm a tradição de paralisar as aulas. Para Casella, tudo isso que está ocorrendo é uma "desculpa para justificar a paralisação."

"Estão querendo usar um pequeno desencontro de informações no dia 7 de maio (dia em que ele teria tentado revogar a ordem) para encobrir o que aconteceu no dia 12 (dia do protesto na faculdade)", afirma. Segundo Casella, na manifestação, os diretores do centro acadêmico rasgaram uma obra de autoria dele e a atitude teve a presença e a conivência do diretor, que "não fez nada para impedir."

Casella ainda afirmou ao Estado que assim que recebeu a ordem da volta dos livros, instrui funcionários para que isso fosse feito. Ele também afirma que não ameaçou nenhum funcionário. "A funcionária tinha dito que sairia em junho. Não faz sentido ameaçar, é tanto ridículo quanto desnecessário fazer essa ameaça."

Na sexta-feira passada, Casella teria ameaçado funcionários para evitar a remoção, contrariando o diretor, Antonio Magalhães Filho, e uma decisão judicial. Professores afirmam que Casella é ligado ao ex-diretor, João Grandino Rodas, responsável pela mudança do acervo para o prédio anexo, na Rua Senador Feijó - e que estaria pressionando pela mudança.